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Eutanasiar o amor

Recentemente uma das nossas associadas e atrizes; a Magui Sá Pereira, passou por uma experiência infeliz com o seu cão, o Yorky. Curiosamente, anos antes outra Maggie também do Visiunarte, infelizmente passou exatamente pela mesma experiência.

Por isso, hoje, neste texto, as Maguis do Visiunarte uniram-se para nos deixar esta mensagem cujo assunto lhes é comum.




Eutanásia, o “ato intencional de proporcionar a alguém uma morte indolor para aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável ou dolorosa.” Amor, uma “emoção ou sentimento que leva uma pessoa a desejar o bem a outra pessoa ou a uma coisa.”

Não são duas palavras que por norma se usem no mesmo contexto, não é verdade? Ninguém quererá decerto acabar com a vida de outro ser se o ama. Não faz sentido. Porquê? Por que é que em certos momentos não temos escolha? Por que é que tem de ser assim? Por que é que não podemos viver eternamente com os nossos amores, aqueles a quem prometemos a nós próprios proteger sempre?

É de facto egoísta pensar que queremos esse alguém especial para nós de modo eterno. Todavia, tudo o que nasce, morre, e não temos outra opção senão aceitar. Até é irónico, uma situação tão importante, como a morte, é aquela em que somos mais impotentes.

Recentemente experienciei esse sentimento, de impotência, de perda, uma vez que o meu pequenito cão teve de ser eutanasiado, devido a um tumor cancerígena que se estava a alastrar pelo seu corpo todo.

Na sua última semana de vida, teve uma mudança repentina de comportamento. Estava em baixo, só fazia as necessidades dentro de casa, o que não era costume, e estas estavam alteradas. Passados uns três dias, apercebemo-nos que aquele não era o nosso pequeno companheiro e que algo de facto estava mal, daí termos decidido levá-lo ao veterinário. Já no final da tarde, recebemos uma chamada do veterinário a informar que não havia nada a fazer, o tumor já estava muito espalhado e o cãozito já caminhava velhinho. Tínhamos duas opções: dar a eutanásia ao nosso grande amor; ou deixá-lo andar mais uns tempos e qualquer dia acordar com ele morto ao nosso lado. Pensando em nós, era óbvio que queríamos que ele ficasse connosco mais uns tempos. Por outro lado, pensando nele, não o podíamos deixar sofrer mais. Por consequência, foi-lhe, portanto, administrada a eutanásia, depois de uma melancólica despedida.

O que me consola, é que mesmo no último suspiro, ele esteve no colo de quem ele mais amou. Obrigada por tudo Yorky.


Magui Sá Pereira


Há coisas que não se esquecem, por mais que as tentemos esquecer, talvez porque não queremos de todo esquecê-las e enquanto nos lembrarmos delas continuam vivas nos nossos corações.

Sempre disse a toda a gente que “eutanásia” nunca, quando se referiam à solução da eutanásia para com os animais de estimação. Eu tinha a minha Kiara, uma caniche castanha, mais fofa e querida de todo o sempre, o meu amor para sempre, tinha a pequena desde o 3º ano da escola primária, depois de pedir todos os Natais, ao Pai Natal que me desse de “prenda” o meu maior desejo, um cão.

Era a cadelinha mais alegre de sempre, não fazia quase asneiras nenhumas, e as que fez foi porque era pequenina e não sabia bem o que fazia ainda, mas até dessas eu tenho saudades, tenho saudades de a ver correr solta com as orelhas castanhas a esvoaçar, parecia um coelhito.

Posso até dizer que para quem não é ligada a religião, por vezes eu dizia “não acho que sejamos donos de decidir se um ser vive ou morre, porque só Deus ou seja lá quem for é que tem esse direito, por isso se um dia morrer que seja de causa natural”.

Pois é, a Kiara foi eutanasiada, assim como o Yorky , num dia de sol, pelo 12h15, lembro-me tão bem, que até sei os minutos. Ela já tinha muita idade, se me recordo bem, 18 anos, julgo, aguentámo-la o máximo que foi possível, porque deixou de andar, de poder ir à rua, de comer sozinha, de ouvir, de ver, fazia as necessidades em casa, foi muito mau, às vezes deixava o focinho cair na tigela da água e não conseguia levantar o focinho sozinha, como vivemos em apartamento e a zona em que ela estava mais era a cozinha, tivemos de colocar tapetes por toda a zona onde ela estava para conseguir movimentar-se o mínimo que fosse, duvido até que outras pessoas tivessem esse “trabalho”, mas quando se ama, ama.

Foi então que começou a ter uma espécie de “cravos” por todo o corpo, que rebentavam e sangravam, como se o corpo estivesse a “apodrecer” e estava, e se um desses rebentasse na cabeça ou coração não tinha salvação, já para não falar que deveria ter imensas dores, que claro nós não notávamos porque eles são tão fortes que raramente se queixam.

Por isso, foi chegado o dia de fazer a chamada, depois de vários avisos que essa seria a opção mais favorável para a cachorra, de ligar para o veterinário e agendar a sua “morte”.

Sentimo-nos ridículos, impotentes, estúpidos, porque marcar a hora, o dia da morte daquele que é o nosso melhor amigo, o nosso amor de vida não nos faz sentido; mas depois percebemos que precisamente por isso lhe devemos esse respeito e que a dor que sentimos é porque foi real, é porque o amamos tanto que a despedida não podia ser ligeira.

Não é fácil tomar a decisão, de todo, mas quando olhamos o animal e ele apenas é um corpo e já não é o nosso animal e sabemos do sofrimento que está eminente não temos opção senão dar-lhe uma morte digna e tranquila e esse é o maior ato de amor. Então os três, eu, a minha mãe e o meu irmão levamo-la ao veterinário, demos-lhe muitos mimos no momento antes, eu agarrei a patinha dela enquanto aquela seringa lhe invadia o corpo, estive sempre com ela, queria que soubesse que ia em paz e que eu estaria com lá. Depois adormeceu tranquilamente, para nunca mais acordar, julgo que eu já tinha chorado tantos dias antes por todo o processo e pelas situações que antecederam a essa tomada de decisão que não consegui chorar no momento, sabia que era o melhor para o meu amor, a Kiara.

Na altura lia muitos textos para me convencer que aquela decisão foi a melhor e nunca me esquece de ler um texto que dizia “ o maior ato de amor é amenizar o sofrimento do nosso animal” e depois “A maior demonstração de amor quando deixamos ir o nosso amigo de 4 patas, é posteriormente arranjarmos outro amigo de 4 patas e não cair na ideia de que nunca mais queremos ter animais, tendo outro amigo estamos a honrar as alegrias que o anterior nos deu e a mostrar-lhe que gostámos tanto dele, que queremos poder passar pela experiência novamente” então não só arranjei uma cadela, como arranjei duas, a Kenzie e a Kira; sempre guardando a Kiara no coração, até mesmo tatuei o carimbo da patinha dela no braço porque aquela amizade sim, valeu a pena.


Maggie Ribeiro



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