Do Brasil direta para a Visiunarte

Olá, bom dia, boa tarde ou boa noite, não sei que horas você está lendo este texto.

Creio que não me conhecem como é óbvio, pois bem, me chamo Luiza Ricardo, tenho 15 anos e faz 5 meses que saí do Brasil para tentar uma aventura de morar em Portugal. Sou uma pernambucana nordestina recifense que veio em busca de uma educação melhor e, assim que cheguei em Portugal, foi um choque de realidade em muitos sentidos:

-Desde o clima até a forma de respirar. Tudo é diferente e fantástico. Antes de vir para Portugal, pensei muito sobre muitas coisas de cultura à alimentação, vocabulário, estilos, entre outros, e acho que nenhum dos meus pensamentos foi compatível com o que estou vivendo.

Quando cheguei em Portugal, fui conhecer a cidade, experimentar a comida e fazer tudo o que um bom turista faz. Depois de um tempo, fui em busca dos estudos, que inicialmente era meu objetivo. Enquanto minha relação escolar não se resolvia, minha tia e eu tivemos a ideia de ir atrás de um teatro, não com o objetivo de encenar e fazer teatro, mas sim voltado para a música e para eu fazer algo que envolve a arte que é o que eu amo. Foi assim que encontrei a Visiunarte, que me acolheu muito bem e abriu as portas para mim de uma forma muito significativa. Estar em outro país sem contato com ninguém pode ser preocupante, principalmente por ouvir sobre xenofobia. Então entrei na Visiunarte e me ajudou bastante, pois me deixaram confortável e me acolheram muito bem, além das pessoas da equipe serem pessoas maravilhosas e esplêndidas e muito talentosas principalmente meu professor Miguel que é muito legal e acessível, permitiram que eu aprendesse os costumes deles e também mostrassem um pouco da minha cultura.

Muitos me perguntam: "O que é mais diferente do Brasil para Portugal?" Tudo, realmente, tudo em Portugal é diferente em todos os sentidos e se adaptar é difícil nos primeiros meses. Minha entrada no teatro também foi desafiadora, pois nunca havia feito teatro no Brasil. Apesar de ter alguma experiência em projetos da escola, tudo na Visiunarte era novo e único. E me surpreendeu bastante pelo fato de achar que não iria gostar, pois pelas minhas experiências antigas eu só fiquei nos bastidores e na criação mais o menos. Quando atuei, me surpreendi comigo mesma pelo fato de ter gostado muito de algo que nunca imaginei gostar, e achar bom fazer. Isso foi incrível.

Assim que cheguei, entrei com um personagem, que era a Exótica, a gata preta, que nasceu na sexta 13 e por isso muitos acham que dá azar, e isso me chocou bastante, pois me identifiquei com a personagem pela personalidade e por nascer no dia 13, assim como eu. Eu fiquei muito alegre por confiarem em mim nesse personagem e com medo ao mesmo tempo, pois nunca tinha atuado na vida. Sempre tem aquele receio de não saber se vai dar certo ou não, se vão gostar de você, se você foi bem, e foi uma mistura de sentimentos desde a hora que peguei meu personagem até a hora que entrei em palco. Esse personagem também me ajudou com a comunicação e língua daqui, e isso foi verdadeiramente sensacional e incrível. O teatro só me trouxe coisas boas e vem me trazendo mais ainda, vou me soltando mais e aprendendo várias coisas que com certeza vou levar para a vida toda.

Minha maior dificuldade nessa mudança tem sido a saudade. Mesmo tendo amigos e família em Portugal, sinto muita falta da minha cultura pernambucana, das danças (frevo, samba e etc), dos costumes, do sotaque e do estilo únicos da minha região. A comida é diferente, mas mais tranquilo de se adaptar, pois existem restaurantes brasileiros, lojas e produtos no mercado que nos permitem matar a saudade do tempero único brasileiro, mas o resto não é muito fácil de lidar, enfim. Acho que já falei demais, espero que tenha dado para entender um pouco de tudo que já vivi até agora por aqui.

Beijos

Autora: Luíza Ricardo

Foto de Luíza na nossa peça "CATS"