“Não te dês com essa gente”, “Não estão ao teu nível”, “Afasta-te”, “Só servem para trabalhar” dizem eles. Eles que não passam de pessoas como qualquer um de nós. Discriminação, racismo, xenofobia são apenas palavras que refletem o ódio de quem não tem qualquer tipo de compaixão pelos outros e de quem valoriza apenas o dinheiro e o estatuto social.
É extremamente repugnante perceber a pobreza em que alguns povos vivem e as condições a que estão sujeitos e concluir que em vez de ajudados são apenas prejudicados, humilhados e discriminados. Desde crianças a serem maltratadas, a mães que não têm alimentos para os filhos e que sem hipóteses de arranjarem soluções veem-se condenadas à fome e ao sofrimento do que têm de mais precioso na vida. Homens que partem para outros países na procura de algo que os sustente e que acabam por morrer ou por ser menosprezados ao mais alto nível.
Imaginem não terem dinheiro para comprar comida nem para vocês nem para os vossos filhos? Viverem num sítio invadido pela pobreza extrema, desnutrição e tudo aquilo que nós portugueses, europeus, não conseguimos sequer imaginar.
Eu não consigo lidar com discriminação, seja ela de que tipo for! Ninguém se mede pelo carro que tem, pela cor da pele, pela língua, pela sua orientação sexual e pelo seu físico. Ninguém é perfeito, por isso porquê exigir dos outros aquilo que consideramos ser o único protótipo aceitável na sociedade?
Somos constantemente bombardeados com notícias de meninos negros que são gozados pelos colegas ou de crianças que são exploradas, em países onde a discrepância entre ricos e pobres é gigante e a ajuda aos que necessitam é nula. E estas para mim são as piores, as que mais me doem, as que fazem cair uma lágrima, as que perturbam e que me movem a querer mudar o mundo.
Uns com tanto, outros com tão pouco não é verdade? Assim o diz o provérbio português.
Questiono-me sobre o porquê da vida ter que ser assim. O porquê de termos um mundo equilibrado não pela igualdade de direitos entre todos, mas sim porque enquanto uns têm tudo outros não têm nada. É triste, muito triste na verdade e eu espero sinceramente um dia poder olhar para este texto e não me identificar de todo com estas palavras. Se isto acontecerá? Duvido. Se estamos preparados para isso? Não. Mas a esperança é a última a morrer!
Nunca me esquecerei de onde vim e afinal de contas sei bem onde vou parar... eu e todos quer sejam ricos ou pobres, quer falem chinês, português, inglês, etc.
Vive a vida, mas não deixes os outros para trás. Somos um puzzle e a verdade é que, sem uma peça (daquele que é o jogo que todos jogamos) nada é igual.
Autora: Raquel Almeida
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