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Três caminhos distintos, uma mesma casa: a força do Visiunarte além da Universidade

Entrar na universidade é como subir a um novo palco — o cenário muda, os papéis transformam-se, mas o que nos move, aquilo que nos faz continuar em cena, permanece. Três elementos da Visiunarte — Rodrigo Silva, Afonso Gonçalves e Margarida Sá Pereira — começam agora os seus percursos Universitários nas suas respectivas áreas, mas carregam consigo uma mesma origem: a experiência transformadora do teatro, da partilha e da criação em grupo.

A história de cada um deles é única, mas entre as diferenças há laços profundos, há medos partilhados, esperanças do que vai ser o futuro, e um compromisso comum com algo maior: continuar a crescer sem perder de vista o que os tornou quem são.


Escolhas que nascem de dentro

Para o Rodrigo, a escolha das artes performativas é quase inevitável. “Foi o meu amor pelas artes que me guiou”, diz-nos. Não foi uma decisão feita por conveniência ou impulso — foi uma intuição interna, alimentada pelo apoio de quem acredita nele. O curso e a Universidade representam uma continuação natural do seu percurso artístico, agora mais focado, mais exigente, mas também mais desafiante.

O Afonso, por outro lado, parece ter nascido com o guião na mão. Desde os 9 anos que sabia o que queria fazer da vida — e nunca se desviou desse plano. Para ele, entrar em Artes Performativas não é apenas uma escolha: “é o que faz sentido, é o que sei fazer bem”. O curso é, nas suas palavras, uma oportunidade para dar forma à criatividade que sempre o acompanhou, mas também para a desafiar, testá-la em novos moldes, em novas linguagens.

Já a Margarida trilha um caminho que, à primeira vista, parece distante do palco — mas a verdade é que o palco continua a viver nela. Desde criança que se encantava com o mundo da medicina, com os gestos de cuidado, com a possibilidade de curar. Escolheu Medicina na Universidade da Beira Interior com a mesma certeza apaixonada com que se escolhe um destino de vida. “Hoje não me imagino a fazer outra coisa”, diz com firmeza. A UBI cativou-a não só pela qualidade do ensino, mas pelo espírito de comunidade que lá encontrou — “À Covilhã não viemos nascer, mas sim crescer”, partilha, com a emoção de quem já se sente parte de algo maior.


A difícil arte de se adaptar

A transição para a vida universitária não é simples. Exige reinvenção. O Rodrigo encara esse desafio com serenidade: “É tudo uma questão de disciplina e consistência”, diz, quase como quem ensaia uma coreografia nova — passo a passo, dia após dia, até se tornar natural.

O Afonso reconhece o peso da mudança. “Vai ser difícil e cansativo”, admite sem rodeios. Fala com a consciência de quem sabe que a liberdade traz também responsabilidade. E embora tenha tempo livre, sabe que é preciso usá-lo com inteligência. “Estudar, organizar-me, manter o foco.” Não é fácil, mas há em si uma maturidade crescente, um querer que vai além da facilidade.

A Margarida viveu talvez a mudança mais radical — mudar de cidade, deixar a casa dos pais, encontrar-se num novo ritmo. “Aprender a viver sozinha custa, mas também nos fortalece”, conta. A cada semana, o horário muda, o que a obriga a uma flexibilidade constante. Mas entre as aulas, praxes, festas e estudos, há uma certeza que permanece: “Tudo é possível com organização (e umas quantas horas de sono a menos!)”.


Sonhos e expectativas para este novo ato

A entrada na faculdade traz consigo sonhos — nem sempre bem definidos, mas quase sempre intensos. O Rodrigo confessa que nem sabe exatamente o que esperar, mas deseja “melhorar cada vez mais”. É uma vontade de evolução pessoal e artística que vem de dentro, uma ambição calma, mas firme.

O Afonso encara o primeiro ano com realismo e algum humor: “Não reprovar já seria um bom começo”, diz entre risos. Mas não esconde o desejo de crescer, de se desafiar e descobrir novas formas de se expressar. Para ele, o curso não é apenas um meio para um fim, é um laboratório de si mesmo, onde quer explorar livremente a sua criatividade.

A Margarida, por sua vez, sonha alto e claro: quer sentir o hospital, viver a prática, tocar na vida real da medicina. “Entrar no hospital pelo outro lado. Ver a ação a realmente acontecer e não só marrar a teoria toda é o que qualquer estudante de medicina quer.”, diz, com brilho nos olhos. E esse desejo começa já no primeiro ano, com a disciplina de Iniciação à Medicina, onde poderá ter os primeiros contatos com o mundo que sempre imaginou.


Descobertas e novos laços

A adaptação não se faz sozinha. E se para o Rodrigo ainda não houve tempo para grandes descobertas dentro da Universidade, o mesmo não se pode dizer do Afonso, que já identificou várias atividades e projetos interessantes, ainda que esteja a observar mais do que a participar. Já a Margarida mergulhou por completo na praxe académica, não como um ritual vazio, mas como uma verdadeira construção de laços. “A praxe criou uma ligação tão forte entre nós que sei que vai durar para sempre”, afirma.

No que toca às amizades, o Rodrigo ainda se mantém mais reservado — por agora, só o amigo que entrou com ele (o Afonso) é considerado uma verdadeira companhia. Já o Afonso sente-se bem integrado, brincando até com o facto de descobrir que “as raparigas conseguem ser mais malucas que os rapazes”. E a Margarida? Sente que encontrou uma segunda família na Covilhã. “Aqui, a maioria de nós está longe de casa — isso une-nos ainda mais.”


O futuro: entre certezas e possibilidades

O Rodrigo já tem em mente o próximo passo: seguir teatro profissional ou embarcar no cinema. O Afonso mantém várias janelas abertas: estudar mais ou começar a trabalhar, talvez até fora de Portugal. E a Margarida? Tem um caminho longo pela frente — seis anos até ser mestre em medicina — mas já pondera Medicina Geral e Familiar como especialidade, mesmo sabendo que muito pode mudar até lá.


Visiunarte: a casa onde sempre se volta

No meio de tudo isto, uma coisa permanece inabalável: a Visiunarte. Para os três, o grupo continua a ser um lugar de pertença, um ponto de equilíbrio, uma âncora emocional.

O Rodrigo é claro: “Consigo equilibrar super bem, para mim os ensaios são acessíveis e eu gosto sempre de me dedicar em tudo. A Visiunarte é como uma casa, então vou arranjar sempre forma para ensaiar.” A sua ligação ao grupo é emocional e prática — sabe que é ali que continua a crescer.

O Afonso vive esse equilíbrio como um malabarista em cima de uma corda bamba. “Se me focar só na universidade, reprovo. Se me focar só na Visiunarte, levo com o machado de borracha e o tão temido ‘Shame’”, brinca. Mas a verdade é séria: ele quer manter-se fiel aos dois mundos, mesmo sabendo que o esforço será grande. “Espero conseguir não desapontar ninguém”.

E a Margarida, mesmo a viver na Covilhã, não abdica de regressar a Viseu aos fins de semana sempre que pode. "Para mim largar a Visiunarte nunca foi uma hipótese, é preciso ter-se muita organização para conciliar tudo, é verdade, mas sabe tão bem chegar ao sábado e ir a um ensaio! É mesmo um momento que não troco por nada! Até quando houver fim de semanas que tenha de ficar na Covilhã, dou um saltinho a Viseu num instante para não perder o ensaio. Cada ensaio é importante para não se perder o fio à meada e eu tenho isso muito presente, pois, afinal de contas, são precisos todos para se ensaiar!" Mesmo longe, continua presente, com o coração nos dois lados — no hospital e no palco.



O palco não é um lugar. É uma ligação.

Cada um destes jovens segue agora por um caminho diferente — um pela medicina, dois pelas artes, cada um com a sua luz, o seu texto, a sua cena — mas todos continuam a fazer parte deste espetáculo chamado Visiunarte. A Visiunarte não é apenas o grupo onde fazem teatro. É uma forma de estar, de olhar o mundo com sensibilidade, de saber ouvir e criar em conjunto.

O palco, afinal, não é só onde se representa. É onde se cresce. E mesmo que os cenários mudem, eles continuam a representar — nas universidades, nas salas de ensaio, nos laboratórios, nas ruas.  E isso, mais do que tudo, é o que faz da nossa casa um verdadeiro palco para a vida.


A Visiunarte deseja-lhes muito sucesso e está cheia de orgulho deles!




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Da Companhia Teatral que representou vários musicais, tais como: "Mamma Mia", "A Pequena Sereia" , "Aladdin" , "O Rei do Espetáculo"

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